Falando à imprensa após ter constatado a extracção de sal marinho nos antigos campos do Lobito, com o envolvimento de mais de 200 garimpeiros, apesar da proibição das autoridades, a governante manifestou-se preocupada com a invasão de populares que insistem em produzir sal impróprio ao consumo humano numa zona já desactivada.
Receando que este sal faça mal à saúde da população, visto estar a ser produzido com água imprópria, a ministra lembrou que a desactivação decorre de um projecto colonial e que, por isso, o Governo Provincial de Benguela e a Administração Municipal do Lobito têm de intervir conjuntamente para tentar acabar com essa actividade naquele local.
Maria Antonieta Baptista acredita mesmo que as pessoas que compram o sal extraído das antigas salinas do Lobito não se apercebem do que realmente se está a passar e que os garimpeiros até falsificam os sacos, geralmente de 50 ou 100 quilogramas.
Relativamente à intervenção do Ministério das Pescas e do Mar no combate a esta actividade ilegal, a ministra referiu que o sector está disponível em colocar soluções técnicas à disposição dos vários intervenientes deste processo, nomeadamente o governo e os proprietários das antigas salinas.
A ministra disse ainda que se está perante um problema de uma solução multi-sectorial, daí o Ministério das Pescas e do Mar pretender dialogar primeiro tanto com as autoridades, quanto com o dono do terreno, para serem delineadas medidas capazes de eliminar a produção ilegal de sal no Lobito.
Porém, admite que um projecto como este requer recursos financeiros, mas reiterou o desafio das autoridades de eliminar a actividade de extracção clandestina de sal no Lobito, porque está em risco a vida dos próprios garimpeiros e das pessoas que consomem o sal sem condições de salubridade
De momento, a ministra Maria Antonieta Baptista escusa-se a avançar uma data para o início da operação de encerramento dos referidos campos, já que, em seu entender, o problema exige uma solução multi-sectorial e que o cronograma de acções será feito nesta base.
Mercado informal absorve mais de 50 toneladas de sal impróprio/mês
O director do Gabinete Provincial da Agricultura, Pecuária e Pescas adiantou que mais de 50 toneladas de sal impróprio ao consumo humano (não iodizado) saem mensalmente das antigas salinas do Lobito para o mercado informal de Benguela e de outras províncias.
José Gomes da Silva denuncia que estes garimpeiros estão a violar a medida do Ministério das Pescas e do Mar - que inactivou estas salinas do Lobito há já 20 anos, colocando no mercado informal sal sem condições higio-sanitárias, o que constitui um atentado à saúde pública.
Sobre as medidas para travar este fenómeno, adiantou que a fiscalização das Pescas e da Administração Municipal do Lobito têm apreendido vários camiões e destruído o sal impróprio, além de trabalhos de sensibilização para que os produtores ilegais desistam desta actividade numa zona proibida.
José Gomes da Silva acusa também alguns garimpeiros de estarem a aproveitar a noite para carregar o sal de forma clandestina e alerta que este garimpo continua a crescer ano após ano, estando envolvidas mais de 250 pessoas, entre jovens e adultos.
Entre as estratégias das autoridades para acabar com a produção ilegal de sal, José Gomes da Silva prefere destacar o aterro das áreas, apesar dos elevados custos financeiros.
A pretexto de satisfazer necessidades básicas, os produtores ilegais teimam em abandonar os antigos campos de produção de sal do Lobito. Os principais clientes são pescadores artesanais das províncias de Benguela e do Cuanza Sul, sobretudo nas áreas onde há salga de peixe, onde 50 quilogramas de sal chegam a custar quatro mil kwanzas, podendo baixar para 2500 kwanzas.
O consumo de sal não iodizado, segundo os médicos, pode provocar o bócio, doença que inflama a glândula da tiróide.
Além da passagem pelos antigos campos de produção salineira, a ministra das Pescas e do Mar e a equipa que acompanha visitaram ainda o Centro de Investigação Pesqueira, na Restinga, enquanto na zona do Lobito Velho as atenções centraram-se no estaleiro naval, na pescaria Nazaré e na unidade de produção de caranguejo.